Estrada vicinal, de terra e piçarra, com curvas perigosas, ladeiras íngremes, muita poeira, e distante 92 quilômetros da maior cidade mais próxima, Barra do Corda,  são as condições de isolamento geográfico, econômico e social às quais está condenado o município de Fernando Falcão, no Centro do Maranhão, a 540 quilômetros de São Luís.

No caminho de acesso ao município, logo dá para se ter uma ideia da vida difícil dos cerca de dez mil moradores do lugar, que protagonizou manchetes dos principais jornais do Brasil, este ano, como “o segundo pior lugar para se viver no Brasil”,  estando em penúltima posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.

A estrada precária, a exemplo de muitas outras existentes no Maranhão, favoreceu um acidente envolvendo dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Publica do Maranhão (Sinproesemma), ocorrido na noite da última quinta-feira (26), quando os sindicalistas retornavam de uma reunião com os educadores da cidade, na qual trataram sobre os problemas da educação municipal, fatores que influenciam, consideravelmente, nos resultados do IDH.

Ao ser informado da situação de abandono em que vivem os educadores da cidade, o presidente do Sinproesemma, Júlio Pinheiro, mesmo sendo alertado da dificuldade de acesso ao município, encarou o desafio e foi atender os trabalhadores, acompanhado por dois dirigentes  sindicais de Barra do Corda, os professores Gonçalo Moraes e Diego Santiago.

Quando a reunião acabou já era noite, mas os dirigentes precisavam retornar à Barra do Corda,para participação no Curso de Formação Sindical, na manhã seguinte. O carro no qual a equipe viajava capotou, em uma curva fechada, com ladeira, muita terra e piçarra na pista e sem qualquer sinalização. Por sorte, os ocupantes do veículo não sofreram ferimentos graves .

“Nascemos de novo!”, exclamou o secretário de Relações Institucionais do Sinproesemma, Gonçalo Moraes, ao perceber que escapou sem nenhum arranhão do acidente. O presidente do sindicato, Júlio Pinheiro, também se manifestou vitória, aliviado ao perceber que todos sobreviveram à capotagem, sofrendo apenas alguns arranhões, cortes superficiais e hematomas. Além dos três dirigentes também estavam no veículo mais duas pessoas: o motorista Jorge Pinheiro e eu, jornalista Cláudia Leal, que cobria as atividades sindicais.

Os dirigentes ficaram na estrada deserta, onde poucos se arriscam trafegar à noite,  sendo resgatados, após alguns minutos, por dois moradores que passaram de motocicleta e atenderam aos pedidos de socorro dos acidentados.  Depois de receber primeiros socorros na casa dos moradores, os dirigentes foram levados para atendimento médico no hospital de emergência de Barra do Corda.

No povoado onde foram atendidos, os dirigentes foram informados por moradores  que é comum  acontecer acidentes na estrada, principalmente no trecho onde o carro do Sinproesemma capotou  e que na mesma noite também teria sido registrado um outro acidente, envolvendo uma moto. Além de não possuir pavimentação, a estrada de acesso a Fernando Falcão tem várias lombadas sem sinalização, curvas sinuosas  e trechos com alto índice de acidentes, sem nenhuma placa alertando os motoristas para os perigos.

“É lamentável que existam ainda no Maranhão localidades que se tornaram municípios e não têm sequer estrada pavimentada para que a população possa escoar sua produção; para que alunos se desloquem em segurança para suas escolas e que os moradores possam pelo menos sair com mais tranquilidade em busca de serviços que a cidade não oferece. Infelizmente, essa situação não é exclusiva de Fernando Falcão. É uma realidade vivenciada por muitos municípios de diferentes regiões do estado. É preciso providências imediatas do poder público para tirar essas populações de situações de risco e isolamento”, ressalta o presidente do Sinproesemma, Júlio Pinheiro.